Patrimônio Cultural

A Festa do Quilombo é Patrimônio Cultural

Em que medida o Registro da Festa do Quilombo de Juazeiro do Norte acrescenta algo ou colabora para a continuidade do rito que sempre aconteceu de forma autônoma, com características singulares e específicas, no Ciclo de Reis em uma cidade identificada pela presença de culturas clandestinas e de resistência?

Como o registro pode ser uma política viva e participativa, que reconhece e fortalece os processos de transmissão de saberes, com a promoção dos direitos e a qualidade de vida da comunidade brincante?

A Festa do Quilombo é um bem cultural que acontece anualmente em Juazeiro do Norte durante o período do ciclo natalino. A tradição ocorre em território e data específicos, porém é abrangente do ponto de vista das referências, pois a celebração além do Reisado, agrega as expressões da Banda Cabaçal, Lapinha e os caretas (entremeios) que participam dos ritos.

(Ver MAPA DO QUILOMBO para conhecer as expressões culturais envolvidas).

Histórico da proposta

A primeira discussão sobre o registro do Reisado de Congo ou do Quilombo, como tática para fortalecer os mestres, praticantes e a tradição de Reis em Juazeiro, aconteceu em junho de 2008. Na ocasião, o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) foi apresentado e debatido com a comunidade brincante na sede da União dos Artistas da Terra da Mãe de Deus, no bairro João Cabral.

Desde então, mestras, mestres e grupos de tradição participaram da elaboração de um documentário e apoiaram pesquisas de universidades. Em maio de 2017, amparada pelos materiais produzidos, a comunidade brincante, representada pelo mestre Antônio Evangelista do Reisado dos Irmãos, formalizou o pedido de abertura de processo de Inscrição (Registro) da Festa do Quilombo como Patrimônio Cultural junto ao Governo do Ceará.

Entre outros nomes de grande relevância cultural, a solicitação foi chancelada por mestres reconhecidos pelo Programa Tesouros Vivos da SECULT – CE:

Mestra Maria Margarida da Conceição (Guerreiro Joana D’Arc); Mestra D. Maria do Horto (Cantora de Benditos – Horto); Mestre Aldenir Callou (Reisado da Bela Vista – Crato); Mestre José Demétrio Araújo (Vila Padre Cícero – Crato); Mestre Raimundo Aniceto (Banda Cabaçal Irmãos Aniceto – Crato); e Mestre Francisco Felipe Marques (Reisado Sagrado Coração de Jesus – Salesianos), ambos in memorian.

O pedido endereçado ao Governador Camilo Santana, aos cuidados do Secretário de Cultura Fabiano Piúba, foi recebido na SECULT – CE em 15 de maio de 2017. Após análise criteriosa, em 01 de outubro de 2018, a Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (COPAM) emitiu parecer favorável, recomendando o Registro da Celebração ao Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (COEPA). (consulte o parecer técnico da SECULT aqui)

REISADO

DONA AUGUSTA (1946 – 2016)
Maria Augusta Bernardo, mestra de Reisado. Esposa do lendário Mestre Pedro de Almeida.

MESTRA FÁTIMA (1950 – 2020)
Maria de Fátima Monteiro Cosmo, do Reisado Nossa Senhora de Fátima.

MESTRA TIDA (1946 – 2018)
Clotilde Antonia de Menezes, do Reisado Santa Terezinha.

MESTRE MANOEL PRETO (1946 – 2016)
Manoel Amaro dos Santos, do Reisado São Benedito.

MESTRE PEDRO DE ALMEIDA (1945 – 1987)
Uma das principais referências para os grupos de Reisado em atuação em Juazeiro.

MESTRE SEBASTIÃO (1940 – 2010)
Sebastião Cosmo, do Reisado São Sebastião. Reconhecido como Tesouro Vivo do Estado do Ceará.

MESTRE TICO (1922 – 2021)
Francisco Felipe Marques, do Reisado Sagrado Coração de Jesus. Reconhecido como Tesouro Vivo do Estado do Ceará.

MESTRE ZEQUINHA (1957 – 2009)
Manoel Lúcio da Silva, do Reisado Manoel Messias. Foi um dos fundadores do Reisado Discípulos de Mestre Pedro.

MESTRE ZÉ MATIAS (1925 – 2015)
José Matias da Silva, do Reisado dos Franciscanos. Reconhecido como Tesouro Vivo do Estado do Ceará.

MESTRE ZÉ OLIVEIRA (1943 – 2009)
José Oliveira, lendário cego tocador de rabeca na Festa do Quilombo.

BANDA CABAÇAL

MESTRE FELIPE (s/d)
Augusto Felipe de Andrade, da Banda Cabaçal Frei Damião.

MESTRE MIGUEL (1942 – 2009)
Miguel Francisco da Rocha, da Banda Cabaçal Padre Cícero. Reconhecido como Tesouro Vivo do Estado do Ceará.

LAPINHA

DONA TATAI (1900 – 2009)
Maria Pereira da Silva, da Lapinha Santa Clara. Reconhecida como Tesouro Vivo do Estado do Ceará.